AliBaba

AliBaba e os seus quarenta amigos, mais os que se vão juntando ao grupo, merecem uma atenção especial. Este é um observatório atento Às MANOBRAS.

2004-07-10

Quero o meu voto de volta

Ex.mo. Senhor,

Peço-lhe encarecidamente que se digne devolver o voto que erradamente depositei a favor de uma candidatura cujos valores, príncipios e programa foram por si totalmente subvertidos. Como já deve ter percebido juntei-o ao "clube" deste post. Passará a ser sócio honorário nº 1. E fique ciente de que não o fiz por erro ou excessos emocionais. V.Exa. subtraiu-me o que restava de confiança política na sua acção e tornou-se no Presidente da maioria de direita com que esta sempre sonhou. No mais absurdo discurso da vida política portuguesa pretendeu justificar o injustificável. O mandato e a estabilidade são conceitos que foram elevados à categoria de uma abstracção pura. No seu discurso são uma frágil tábua de salvação num argumentário tão redondo que não tem ponta por onde se pegue. Quem interrompeu o mandato e criou uma situação de instabilidade foi o Governo e o seu principal (ir)responsável. Quem desde a primeira hora não cumpriu o programa com que se apresentou ao eleitorado e persistentemente tomou medidas que criaram instabilidade na vida dos portugueses não pode ser agora beneficiado com uma segunda oportunidade para terminar o que nem sequer começou. Se os portugueses estavam divididos e a situação se mostrava complicada então era tempo de devolver-lhes a palavra em eleições. E no que será, certamente, a mais ridícula das posturas de um Presidente no pós 25 de Abril pretende V.Exa. alienar a autonomia das instituições democráticas caucionando a política do futuro governo de que ficará refém. Triste fim o do seu mandato. Os que em si confiaram estão certamente arrependidos e os que sempre o combateram porque já não precisam de si vão passar a ignorá-lo. A estabilidade de um governo de direita incerto e sem propostas é, para si, mais importante que a estabilidade na vida dos portugueses. Valorizou V.Exa. a singular unanimidade silenciosa que envolveu o candidato a Primeiro-Ministro dentro das suas hostes, ignorando o quanto esse silêncio vai custar a Portugal e aos portugueses. Estamos todos de luto.