AliBaba

AliBaba e os seus quarenta amigos, mais os que se vão juntando ao grupo, merecem uma atenção especial. Este é um observatório atento Às MANOBRAS.

2004-07-23

Portugal em lista de espera

Somos um País à espera. De tudo e de nada. Por pequenas e grandes coisas. Por um instante e por uma eternidade. Esperamos por D. Sebastião como esperámos encontrar terra quando as naus se fizeram ao mar. Esperamos que a "coisa" corra bem quando nos convém e que não corra mal quando não nos preparámos. Esperamos pela noiva, pela namorada, pela mulher e esperamos que a amante não apareça no sitio errado. Esperamos pelo elevador, pelo autocarro, pelo cão que cheira furiosamente cada arvore. Esperamos que o ordenado chegue ao fim do mês e que o patrão não fuja com o salário. Esperamos que o Governo governe bem ou que desapareça rapidamente do cenário. Esperamos por um futuro melhor e esperamos que não nos chateiem muito. Esperamos que o chefe venha mais bem disposto, que o nosso clube ganhe e que a gasolina não aumente muito. Esperamos que a chuva passe, que as férias cheguem depressa e que o telefone pare de tocar. Esperamos que o vizinho não se lembre de abrir mais um buraco no domingo de manhã e que o filho durma até às 10. Esperamos pela salvação e pelo céu e esperamos mesmo que Deus não exista. E esperamos que se existir se não importe. Esperamos ter saúde e esperamos que o médico não se engane. Esperamos que a sorte nos bata à porta e o azar à porta do vizinho. Esperamos porque é cómodo. Esperamos que o marido não chateie e que a sogra se fique por lá, bem longe. Esperamos que o bolo cresça no forno e que o filho cresça na barriga da patroa. Esperamos que a semana passe rápida e o trabalho não se acumule. Esperámos, esperamos e esperaremos. O mundo é todo feito de esperas. Segue dentro de momentos........

1 Comments:

At 10:22 da manhã, Blogger Miguel Silva said...

É bem verdade. E nesta espera, muitas vezes antecipamos tanto os momentos que quando eles chegam já nem conseguem satisfazer as altíssimas expectativas que criámos. Sem perder a perspectiva do futuro, julgo que aprender a aproveitar melhor os momentos do presente é uma boa maneira de combater esta ansiedade crónica.

Miguel

 

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