AliBaba

AliBaba e os seus quarenta amigos, mais os que se vão juntando ao grupo, merecem uma atenção especial. Este é um observatório atento Às MANOBRAS.

2005-01-28

O verniz de Louçã

Com a rispidez de um moralista frustado e a delicadeza de um elefante numa loja de loiça Louçã avançou no debate com Portas por terrenos esconços, reveladores do seu perfil de intolerância e moralismo dúbio. As fobias manifestam-se quando menos se espera e a de Louçã mostrou-se agora. Os seus lugares-tenente gaguejaram desculpas esfarrapadas reinterpretando as palavras do chefe e este desdobrou-se em justificações em entrevistas e artigos nos jornais. O verniz estalou e não há cosmética que o salve. As hostes bloquistas podem fingir que não perceberam, assobiar para o lado, ou até engolirem o seu sapo no dia das eleições, mas Louçã mostrou aquilo que é capaz: intolerante sem olhar a meios para atingir os seus fins.

Os sonhos esfumam-se em Alegres incoerências

E assim se vai esfumando o sonho que alguns vislumbraram na candidatura de Manuel Alegre a secretário-geral do Ps ( "s" pequeno = socialismo na gaveta ) . Numa recente intervenção num comício eleitoral, de dedo em riste, Alegre considerou que a " aliança do queijo limiano" não terá sido responsabilidade, apenas, do Ps. Com a desfaçatez que se lhe conhece, atribuiu responsabilidades ao PCP e ao bloco esquerdista . Porquê ? Bom, a explicação não veio, mas imaginamos que o astuto orador pretenderia ter o apoio dos votos à sua esquerda, obtendo assim cobertura para um orçamento de direita, desenhado e proposto pelo Ps. E como um dislate não basta, rematou com o demolidor argumento de que o Ps não se poderá aliar ao PCP devido às posições deste partido relativamente à Europa e à Nato. Muito pluralista, patriótico e original é este argumento. O entendimento entre diferentes forças de esquerda implicam para Manuel Alegre que todos se conformem com as posições do Ps. Alegre emprestou ao concurso para secretário-geral do Ps o suave perfume de uma esquerda caviar, fugiu da batalha eleitoral em Coimbra para não ser confrontado com a coincineração e aparece agora em Lisboa, qual Dom Quixote, vocacionado para combater as forças à sua esquerda. O Ps, sem qualquer pudor, utiliza várias caras e discursos aparentando um pluralismo que de facto não existe. A estratégia é evitar a erosão nas suas fronteiras eleitorais. Tudo aponta para que, ganhando as eleições legislativas, o Ps venha a promover de novo uma política de direita. O seu programa, algumas das figuras que se perfilam em torno de Sócrates e alguns dos apoios que obteve à sua direita ( Ex. Freitas do Amaral ) não auguram nada de bom. Por tudo isto se torna imperioso mudar a sério a política em Portugal.

O Holocausto e os holocaustos

A memória viva daqueles tempos não passa pela realização de eventos solenes, com a participação de uns poucos e para alívio de consciência de muitos. Se esta forma de reavivar factos horríveis, e que jamais se devem repetir, ajuda as novas gerações a compreenderem o que se passou, tanto melhor, mas será seguramente no dia a dia nas escolas, nas famílias, nas práticas políticas que se construirá a barreira cultural, democrática e progressista aos populismos emergentes de cariz nazi. Os dados recentemente revelados sobre o crescimento eleitoral de partidos de extrema-direita, neo-fascistas assumidos, em alguns países da Europa, deve levar-nos a pensar sobre o que tem contribuido para que tal aconteça e a agir rápida e determinadamente para evitar males maiores.
E não podemos esquecer os vários holocaustos que anualmente atingem milhões de seres humanos por todo o mundo , vítimas de guerras , de fome, de doenças. As dezenas de milhões de seres humanos mortos todos os anos perante a indiferença geral representam vários holocaustos em simultâneo em que os principais responsáveis se mantêm confortávelmente instalados nos seus protegidos poderes económicos e políticos.
Se nada for feito hoje, amanhã pode ser tarde..

2005-01-27

Acordos de Regime, consensos e outros cinzentismos

O Presidente da República volta à carga com a ideia de um consenso entre partidos para uma reforma da justiça. Esta não é seguramente a via para encontrar as soluções necessárias. O denominador comum entre os partidos com maior peso na Assembleia da República, Ps e Psd, não garante nada de bom a este respeito. As soluções para problemas tão complexos como os que se colocam na àrea da justiça obrigam a romper com o status quo, o que, naturalmente, conflituará com os interesses instalados. E não serão de pouca monta como é fácil de prever.
As soluções terão que assumir a rutura com o passado sem que tal obrigue à política de "terra queimada" muito ao gosto dos que se têm alternado no governo.
O verdadeiro "Acordo de Regime" que se deve exigir é entre os governantes e o Povo Português. Acordo a realizar-se entre as promessas eleitorais e as praticas governativas, "consenso" a estabelecer-se entre as necessidades do país e dos portugueses e a sua satisfação através das políticas implementadas. Este é que é o compromisso necessário para "MUDAR A SÉRIO". E só há uma forma de se concretizar esta mudança: VOTAR CDU.

Chocados quanto baste

Eles prometem, ou ameaçam, os portugueses com choques de todo o tipo, nesta atribulada campanha eleitoral. Um choque fiscal ou um choque de gestão ou um choque tecnológico à nossa escolha, pronto a servir qual "prato surpresa" que só depois de servido é que se sabe o que contem. Mesa farta esta. Com tanto choque nas nossas fatídicas estradas sempre me pareceu de mau tom associar tão mirabolantes propostas a tão funestos acontecimentos rodoviários. Mas os proponentes talvez tenham razão com a metáfora: afinal não resulta tudo em danos, muitas vezes irrecuperáveis pessoais e materiais ?
A metáfora alerta-nos para o perigo.
Por mim dispensava bem choques deste tipo.
Concordo com quem propõe antes um choque eleitoral. Um choque ao Ps (minúsculo, claro, porque o socialismo está na gaveta), ao PSD e ao CDS-PP travando esta deriva ultra-liberal em que estes partidos nos colocaram, sempre que estiveram no governo, nestes últimos 30 anos.

O único choque que me convence é o choque eleitoral contra a política destes "cavalheiros", votando numa mudança a sério.

2005-01-07

Este perigoso "caldo de cultura" anti-democrático

Aproveitando o triste espectáculo que a composição das listas de candidatos do PS e do PSD tem oferecido ao País , e na linha do que noutras épocas já ensaiaram, os inimigos da democracia, invocando a degradação do sistema político, clamam por alterações.

Dificilmente escondendo a sua vontade de transformar a representação proporcional , actualmente em vigor, numa bipolarização entre os dois actuais maiores partidos, como resultado das suas propostas, se por acaso vingassem, procuram que as suas ideias façam o seu caminho, tirando partido do descontentamento que a actuação desses mesmos partidos enquanto governo têm provocado, e insistem no tema.

A altura parece-lhes propícia para ganhar boleia a reboque da revisão constitucional que o referendo da Constituição Europeia inpõe. E as recentes intervenções do Presidente só ajudam a que ganhem força estas estratégias redutoras da democracia representativa.

O distanciamento entre eleitores e eleitos, esse outro tema recorrente na vida política portuguesa, também serve para reforçar aquela estratégia. Subtilmente associado à ideia de que os bons , porque não aceitam ganhar pouco não aceitam ser políticos, e os que aceitam o fazem por serem medíocres. Cavaco Silva chega mesmo a teorizar sobre os bons que devem expulsar os maus políticos.

A comunicação social faz o seu papel de amplificador fiel destas ideias, contribuindo para que políticos e deputados sejam todos metidos no mesmo "saco".

Perigosos caminhos trilha a nossa democracia. Perigoso este caldo de cultura anti-democrática .

O Feiticeiro do "RATO" ou as Socráticas magias

Depois das notícias de ontem do Banco de Portugal - estranha sincronização de tempos - Sócrates vem prometer aos portugueses que em quatro anos resolve o problema do deficit, diminui o desemprego, acelera a economia, aguenta o pacto de estabilidade, ou seja, consegue "tudo e mais um par de botas". Milagre. A única coisa que ele não diz é como o vai fazer. Bruxarias. Um socialista - o governador - pinta um cenário bem negro, o outro socialista - putativo primeiro-ministro - acena com o paraíso daqui a quatro anos. Miragens. Aquilo a que esta gente chama sociedade civil, a deles naturalmente, tão agitada no passado, cala-se agora. Imagino o frenesim nos corredores do futuro poder. O tempo agora é de assegurar lugares, garantir benesses, cobrar favores.

2005-01-04

Alegre fuga

Da Socrática incineração se "basou" Alegre para longes terras. Mas não tão longe que não lhe fosse dado por brinde a mesma dose de experimentada deputação. Entalado entre Gama e a tralha de outros tempos assim se vão os sonhos esfumando. Numa Vital indignação, em soberba manobra de diversão, de Coimbra vem o sobressalto sobre a dita Seabra. Importação? E a prata da casa ? Da casa dos outros se ocupando, talvez julgando tapar com a peneira o que na sua própria casa se passa.

Declinação no Mundo dos círculos "virtuosos"

Blogar

Eu cito-te
Tu criticas-me
Ele excita-se

Nós Louvamos-te
Vós agradeceis-nos
Eles ignoram-se

Eu ignoro-o
Tu agradeces-lhes
Ele louva-te

Nós criticamos-te
Vós discordais
Eles citam-se

O peixe , a mota e a ignorância

Acto um

A senhora de unhas substancialmente aumentadas perguntou, esticando o seu dedo cuidadosamente polido : Olhe! Que peixe é este ?
Responde a dona da banca : Marmota, minha senhora. Fresquinha.
A senhora : Ai! Credo ! Estou farta de ouvir falar em desgraças !!
A vendedora : Oh! Querida , olhe que é bom peixe. E fresquinho. Leve à confiança!
A senhora, lembrando-se das desgraças : Nem pensar. Estou farta.

Acto dois

Cabelos empastados de gel, espetados como antenas viradas às estrelas, óculos escuros para um Inverno soalheiro, o rapaz pergunta ao amigo: Oh pá! Isto de maremoto anda em terra ou no mar ?
Responde o outro: Sei lá. Nem sei sequer qual é a cilindrada.

Acto três

O professor, catedrático, pois claro, apressa-se a enviar uma mensagem ao colega, bloguista convicto : " Tsunami ? Tsunami ? Maremoto é que é."
O outro acreditou e transcreveu. Coitado.

Qual será o epicentro da ignorância? Se o epicentro em terra dá terramoto, e no mar , maremoto, na ignorância dará o quê? Ignomoto ou epitância ?
Um Tsunami é o resultado do trabalho destes inteligentes, quando deixam brotar livremente as suas ideias. Muita água . Muita água.




2005-01-03

A "mensagem" e a alergia

Neste final de 2004, início de 2005, sempre que num canal de televisão apresentavam o Presidente e a sua mensagem optei por mudar de canal. O mesmo fiz sempre que os noticiários se referiram ao acto.
A alergia às ideias do homem foi mais forte que a curiosidade política.
Pelos jornais vou sabendo que não se referiu à recente tragédia do Sudeste da Ásia. Se foi assim, registe-se a curiosa coincidência com a atitude de Bush e Blair sobre a mesma questão. Ambos falaram tarde e reticentemente e, nos seus países, estão a ser duramente criticados. Bush recorreu à pressa ao pai e ao antecessor para fazerem um apelo conjunto e salvarem a imagem de indiferença com que marcaram as suas atitudes. Blair aparecerá também em pública iniciativa de retoque de imagem.
Por cá o embaixador português fez-se desentendido, o ministro gaguejou e o primeiro-ministro flauteou. O Presidente assobiou para o lado. Baixinho. O regular funcionamento das instituições no seu melhor .
Sampaio preferiu concentrar-se na defesa de um acordo de regime para uso interno e benefício político do "centrão" . Uma verdadeira tábua de salvação para a desgraça que tem constituido as sucessivas políticas levadas a cabo pelo PS e PSD ao longo dos últimos 28 anos.
Um acordo de regime nas circunstâncias actuais implica necessáriamente um acordo entre o PS e o PSD. Os principais responsáveis pela situação em que o País se encontra são incentivados, agora, a unirem esforços e a prolongar o mal que têm feito ao País. Um acordo pressupõe uma base comum. Ora o que as políticas do PS e do PSD têm em comum, como o passado abundantemente demonstra, é o pior para Portugal e os Portugueses. Porque o que se passa na educação, na justiça, na saúde, no regime fiscal etc... é resultado das políticas que em alternância PS e PSD aplicaram ao País nestas últimas três décadas. A ideia é apoiada por Mário Soares. Percebe-se que querem salvar a face, do desastre que tem representado para o País a social-democracia, esta forma híbrida de capitalismo e hipocrisia social que renasce vezes sem conta, sempre aparentando ser coisa nova.
Novas palavras a revestirem velhas ideias para manter tudo na mesma.
Estas ideias provocam-me cada vez mais alergia e repugnância.
A desonestidade intelectual tem um preço e a história há-de forçar ao seu pagamento integral .
A alternativa é uma política de ruptura com o passado.
Romper com o compadrio, a desonestidade, a cunha, o amiguismo, as desigualdades, a indiferença , a política de favorecimento, a injustiça etc... representa um grande desafio mas é urgente, necessário e inadiável.