A maioria conquistada pelo Ps rapidamente vai ficar refém dos interesses da direita, se é que já não está. Não é má vontade da minha parte, basta ouvir o que alguns ministeriáveis vão dizendo para perceber que vai haver fretes à direita.
O benefício da dúvida sobre as políticas do Ps tem prazo e curto. O passado traz-nos más lembranças. Todos nos lembramos do pântano em que Guterres deixou o país.
O Psd ficou abaixo dos 30% e seria de esperar uma "limpeza geral" na sua direcção, mas Santana já deu mostras de que quer um ajuste de contas com os "traidores".
Longos dias e noites de facas longas vamos assistir dentro do Psd. Para a liderança só avançará quem tiver a disponibilidade para aguentar uns penosos 4 anos de oposição. Será demais para a maioria dos pretendentes. O escolhido será lenha para a fogueira.
O PP perdeu em toda a linha. Portas percebeu que o seu partido tem uma longa travessia do deserto a fazer, sendo muito incerto que recupere em próximas legislativas, tendo em conta o voto útil da direita no Psd, que se apresentará como alternativa ao Ps após 4 anos de governo deste. Portas diz que sai mas quer manter a sua influência na direcção.
Uma marionete precisa-se, ali para o lado do Caldas. Vamos ter uma segunda edição de Manuel Monteiro nesta nova fase do PP.
Os esquerdistas seguem uma trajectória política semelhante à da UDP. Surpreendem, crescem e depois desaparecerão. Atingiram o seu pico. Os próximos quatro anos serão, para quem vive de artificios políticos, um declínio.
O voto no BE é demasiado heterógeneo para se manter fiel e estável. Enquanto partido tenderão a estruturar-se, formalizando o seu funcionamento e nessa altura lá se vai o encantamento. Já houve sinais de insatisfação relativamente ao modo de funcionamento e de tomadas de decisão que certamente se irão agravar. Já falam em estruturar as distritais . A guerra de poder e influência vai certamente rebentar.
O casamento de conveniência de troskistas, albaneses e esquerda caviar, com mais um punhado de oportunistas que lá estão para "fazer pela vida" só dura enquanto os interesses divergentes e antagónicos não ditarem a sua lei. Fatal como o destino. Muitos votos regressarão à abstenção- desiludidos - outros regressam ao Ps para garantir o voto útil contra os avanços da direita em próximas eleições. Outros ainda voltarão à direita, donde sairam descontentes com Santana, mas incapazes de votar Ps ou noutras forças à esquerda. Voltarei a este tema em breve.
A CDU ganhou votos e deputados mas não pode ficar a dormir à sombra da bananeira. Aproximam-se temos difíceis de luta contra as políticas de direita que antevejo o Ps vai promover. De facto o Ps não se comprometeu nesta campanha, apenas se limitou a produzir alguns slogans ou objectivos sem dizer quando, como e para quem os vai realizar.
Outros desafios se colocam à CDU : como evitar que as políticas do Ps levem os portugueses ao voto na direita em próximas eleições, como evitar nas autárquicas a tentativa de monopólio que o Ps irá ensaiar e como resolver a questão das presidenciais quando muita gente se mostra indisponível para engolir o "sapo" guterrista.
Nem tudo são rosas no reino de Portugal.